Acordei assustado hoje com alguém me chamando. Ao abrir os olhos no quarto escuro, enxerguei um vulto parado ao lado da minha cama, que em poucos segundos foi dissipando-se enquanto meu coração acelerava em pânico.
Não foi a primeira vez que algo assim aconteceu comigo, e estando no quarto ali sozinho, eu já sabia que não me restava muito o que fazer a não ser me acalmar e tentar dormir novamente. Entretanto, dessa vez foi diferente, passado o susto inicial, percebi que lágrimas escorriam pelo meu rosto e como em um flashback, lembrei do que havia “vivido” alguns minutos antes de acordar.
Em um dia agradável, sentados na calçada, eu me vi de frente com a minha querida mãe, e enquanto eu admirava a sua face serena, uma terceira pessoa falava sobre a fragilidade da vida humana. Com a voz suave e límpida, minha mãe concordou com o que esta pessoa falava e complementou com algo sobre como era estar “vivo” do outro lado. E neste momento assimilei o que estava acontecendo: um de nós não deveria estar ali naquele lugar.
Enquanto ela ainda falava, peguei nas mãos dela e senti algo que jamais poderei descrever em palavras. Mesmo agora, quando fecho meus olhos, consigo sentir aquela forte sensação inexplicável de estar ali de frente para ela ouvindo-a falar.